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O Glorioso Propósito

  • Foto do escritor: Fábio Andrade da Silva
    Fábio Andrade da Silva
  • 25 de ago. de 2024
  • 14 min de leitura


Um dos maiores desafios do ser humano é o de identificar um propósito para si, seja na área profissional, seja na área pessoal, saber onde se quer chegar é a chave para se alcançar qualquer objetivo. É de senso comum que cada indivíduo define um propósito com o intuito de alcançar o sucesso e, ouvimos até muitas pessoas “iluminadas” mostrando em suas redes sociais a “chave para o sucesso”, para a excelência, mas a pergunta é: O que é o sucesso?

Uma grande revelação sobre o glorioso propósito do ser humano é dita por Aristóteles (2011, P.60) em sua obra “Retórica”, ele afirma que: Pode-se dizer que todo indivíduo humano e todos os seres humanos em comum visam a um fim, o que determina o que escolhem e o que evitam. Esse fim – para expressá-lo sumariamente – é a felicidade e os elementos que a constituem. Estabelecemos, portanto, meramente a título ilustrativo, qual é a natureza da felicidade e quais elementos a compõe. Com efeito, todo aconselhamento a fazer ou a não fazer coisas tem a ver com a felicidade.

Concordo plenamente com a ideia de Aristóteles que o propósito final do homem é alcançar a felicidade e que, tudo o que fazemos ou deixamos de fazer tem a ver com isso, se faz ainda mais necessário refletir sobre o fato de que, mesmo em uma época em que muito se tem falado sobre felicidade, parece que muitos não sabem muito bem do que se trata ou como encontrar a mesma. Nem precisamos ser pesquisadores refinados para encontramos facilmente na internet cursos sobre felicidade, livros de autoajuda e até instituições de ensino que oferecem cursos a nível de pós-graduação sobre felicidade – o que parece que não tem ajudado muito... O que não estamos percebendo?

Não é difícil encontrar um extenso marco teórico sobre o assunto da felicidade, poderia até citar textos difíceis para parecer “mais intelectual”, mas prefiro partir para o que acredito diretamente e deixar o leitor livre para tirar suas próprias conclusões, sou um forte defensor de que a subtração não subtrai, a subtração adiciona, e por isso, eu enxergo a felicidade como o resultado de se aplicar a “via negativa”. Segundo o meu maior herói, o Doutor Nassim Taleb (2019, p. 383):

Se não conseguimos expressar exatamente o que alguma coisa é, podemos dizer algo sobre o que essa coisa não é – a expressão indireta, em lugar da direta. O “apofático” diz respeito ao que não pode ser dito diretamente em palavras, do grego apophosis (dizer não, ou mencionar sem mencionar). O método começou como um modo de evitar a descrição direta, levando a focar na descrição negativa, o que é chamado em latim, de via negativa.

            A via negativa consiste na ideia de que entendemos o que está errado com mais clareza do que o que está certo, em uma heurística simples, devemos entender o que está errado, para poder assim, não perder a vista do que é o certo, e sinceramente parece que temos mais facilidade em entender o que está errado do que o que está certo. Atribuem a Nicolau Maquiavel  a fala que diz: “Alguns pensam que eu deveria ensinar aos homens o caminho do céu. Mas eu preferiria ensinar-lhe o caminho para o inferno, assim eles saberiam como desviar-se dele.” É provável que Maquiavel estivesse usando a lógica da via Negativa em sua fala, para alguns esta fala é louca, mas pense com calma, se você sabe qual é o caminho para o inferno, em uma lógica simples, bastaria tomar o caminho inverso para se dirigir ao paraíso. A felicidade em si não reside no cortejo da Deusa Fortuna – Primogênita de Júpiter, se esse fosse o caso, não veríamos muitas pessoas financeiramente abastadas cometendo suicídio.

Se buscarmos a ideia grega de felicidade, iremos nos deparar com a palavra “eudaimonia”, esta referida palavra consiste na junção do “eu”, “bom”, e “demônio”, isso passa a ideia de que a felicidade provém de um “bom demônio” que acompanha e ajuda os seres humanos, sinceramente parece muito surreal para mim este conceito. No Brasil se entende que a felicidade é “o estado de ser feliz, um estado de uma consciência plenamente satisfeita”, agora sim ficou mais surreal. Pare e pense um pouco, um dos pilares básicos da economia reside na ideia de que o desejo humano é ilimitado e que os recursos são limitados, de uma forma bem simples, é praticamente impossível alguém estar plenamente satisfeito, observe o exemplo de várias pessoas ao redor do mundo, vemos muitos fazendo cirurgias plásticas para “melhorar” algo que já é lindo, o ser humano parece nunca estar satisfeito.

            Acredito piamente que a chave para a felicidade vem de entendermos o que nos faz infeliz – lembre-se da via negativa, se eu evitar o que me faz chorar – falei sobre evitar e não erradicar, não terei obstáculos ao sorrir, antes de começar a jornada pela via negativa da felicidade, vale ressaltar que um ponto muito recorrente em pessoas infelizes é o acumulo de objetivos para “ser feliz”, muitas pessoas nomeiam metas surreais que não tem como serem logradas, Horácio nos tempos antigos já mencionava que “Quid breui fortes jaculamur aevo multa?” (Por que bravamente visar tantos objetivos quando a vida é tão curta?) Talvez um dos grandes problemas da sociedade atual seja a prática de dificultar coisas simples, se faz necessário ter mais os pés no chão diante das circunstâncias da vida, tendo em vista o pensamento de Horácio e não perdendo o foco da via negativa, vamos conversar de alguns pontos sobre a via negativa da felicidade.


O Dilema de Anteu


Segundo a mitologia Grega, Anteu era um ser de grande estatura e seus pais não eram ninguém menos do que Poseidon (o deus dos mares) e Gaia (Mãe terra), Anteu tinha uma estranha obsessão de obrigar quem passava por suas terras a travar uma batalha mortal – que sempre acabava com os forasteiros. O objetivo de vida de Anteu era erguer um templo em homenagem ao seu pai com os crânios de seus adversários, e para muitos, Anteu era praticamente invencível, porém ele tinha uma fraqueza que muitos nem tinham ideia, sua força vinha do contato com a terra – em função da ligação com a sua mãe.

Em uma das vertentes da lenda grega, Hercules foi mandado (como parte de seus doze trabalhos) para combater o gigante, se conta que a batalha foi duradoura e complexa pois todas as vezes que Hercules feria Anteu, ele se recuperava rapidamente, até que em um momento da batalha a fraqueza do inimigo foi observada por Hercules e, com um grande esforço, conseguiu matar Anteu ao levantar o mesmo do chão e esmagá-lo. Após entender essa lenda grega, o que podemos aprender? A Heurística é  bem simples, Anteu perdia a sua força todas as vezes que retirava os pés do chão e isso vale exatamente para qualquer um de nós, muitos profissionais nas empresas estabelecem metas inalcançáveis e sem sentido (levando Horácio à loucura), e por isso, estas metas não são alcançadas e muitos entram em estado de infelicidade, depressão e doenças psicossomáticas. Voltemos novamente a fala de Horácio, por que queremos “abraçar o mundo”? Por que gostamos de estabelecer metas que “tiram os nossos pés do chão?” Seria uma sede pelo aplauso alheio? Será que somos tão dependentes de aplausos a ponto de nada ser mais importante? Será que vale sacrificar nossa vida ou relações por curtidas e compartilhamentos em redes sociais? Essas perguntas só podem ser respondidas quando olhamos para dentro de nós mesmos, agora uma coisa deve ser clara em nossa mente, viver com base em expectativas alheias é uma prisão que destrói até o herói mais corajoso, me arrisco a dizer que nunca atenderemos as expectativas alheias e, só por isso acredito que, a melhor coisa a se fazer, não é buscar ser o que outros querem (até porque só você sabe o que te faz feliz), e sim buscar ser a melhor versão de você mesmo, ainda que eu não seja bom em muitas coisas, devo buscar ser o melhor que puder na única coisa que sei.

Não devemos valorizar somente os resultados, na verdade,  os antigos gregos nem davam importância ao resultado, eles valorizavam as ações, embora muitos heróis tenham morrido em combate, o que era valorizado era a sua coragem em permanecer em combates impossíveis, Jo Nesbo (2021, p. 149) afirma que “é uma pena que boas intenções nem sempre levem a bons resultados”, entendendo a ideia grega e o pensamento sobre as “boas intenções”, ainda que os resultados não sejam os esperados, valorize a ação sabendo que, de acordo com o pensamento do Doutor Nassim Taleb, “a coragem é a única virtude que não se pode fingir.”


Cíneas tinha razão


Viver já é uma prática complexa e não precisamos complicar mais as coisas, um ponto importante para ser feliz é: Valorize as pequenas coisas e se alegre com as pequenas conquistas. Em muitos momentos da vida, deixamos de ser objetivos, em vez de seguirmos direto ao ponto do que queremos, muitas vezes temos a prática de divagar de forma desnecessária. Ou pior, muitas vezes existem pessoas que nem sabem onde querem chegar, Shakespeare abordava em sua obra “O Menestrel” que “se você não sabe onde quer ir, qualquer lugar serve”, se não sabemos o que queremos, não temos como atingir este objetivo e, consequentemente, a felicidade não estará ao nosso alcance.

Se tratando de sermos prolixos em nossas ações, Nassim Taleb (2018, p. 188) nos traz uma história interessante:

Quando o rei Pirro organizava uma expedição para tentar invadir a Itália, Cíneas, seu sábio conselheiro, tentou fazê-lo ponderar sobre a vaidade de tal ação. “Qual é o propósito deste empreendimento? Perguntou ele. Pirro respondeu: “É para me tornar o senhor da Itália”. Cíneas: “E depois?”. Pirro: “Para chegar à Gália, depois tomar a Espanha”. Cíneas: “E depois”. Pirro: “Conquistar a África e então... descansar”. Cíneas: “Mas se nada nos impede de fazer isso já; por que correr mais riscos?”.

            Infelizmente, o que Antoine de Saint-Exupéry diz na obra “O pequeno Príncipe” é verdade, muitas vezes o “essencial é invisível aos olhos”, se podemos buscar o que nos faz bem, por que esperar? Por que deixar para depois? Montaigne afirma categoricamente que “tudo o que pode ser feito outro dia pode ser feito hoje”, a vida é curta, não sabemos quando será o nosso último dia de vida, e por isso, devemos buscar a felicidade com todas as nossas forças sem nunca desviar os olhos de uma postura ética, felicidade que destrói a outros não pode ser considerada uma verdadeira felicidade, o próprio Aristóteles afirma que a felicidade tem relação direta com os valores morais de cada indivíduo.


Ipsi testudines edite, qui cepistis


“Quem pescou as tartarugas que as coma primeiro”, esse é um antigo ditado, contam os antigos na mitologia grega que um grupo de pescadores apanhou uma grande quantidade de tartarugas, após fazer os preparos culinários, perceberam que as tartarugas não estavam aptas para o consumo, após a constatação, o deus Mercúrio – considerado o grande deus, estava passando pelas redondezas e foi convidado pelo grupo de pescadores para uma refeição, de forma bem simples, eles queriam oferecer ao deus as tartarugas como “oferenda”. Ao perceber a situação, o deus Mercúrio forçou os pescadores a comerem as tartarugas, isso tudo nos remete a uma questão de simetria, como diria o rabino Hilel, “o que é odioso para ti, não o faças ao teu próximo: esta é a lei toda, o resto é comentário; agora vai e aprende.”

Será que em nossa sociedade atual, estamos padecendo da falta de empatia? Isócrates que viveu a mais de um século disse: “Age em relação a seus pais como gostarias que teus filhos agissem em relação à ti”. Yogi Berra dizia: “Eu vou ao funeral das outras pessoas porque quero que venham no meu”. Talvez você esteja se perguntando onde eu quero chegar, o que estas citações têm a ver? Muitos simples, estamos aqui abordando a questão da simetria, dar um tratamento a alguém da mesma forma que eu gostaria que me dessem, eu não posso ser desleal ou até tentar ridicularizar um pensamento alheio só pelo fato de ser diferente do meu, por saber que Ivan o Terrível mandou matar um monge que lhe falava palavras indesejadas, eu peço que você tenha mais paciência comigo.

Infelizmente é muito comum vermos pessoas que forçam colegas de trabalho a “comerem as tartarugas” da vida, vemos colegas que descontam sua raiva em outros e vemos, com grande frequência, pessoas que não tem o mínimo de empatia pelo próximo, seria cômico se não fosse trágico, em muitas organizações percebemos que certas pessoas parece que trazem “uma nuvem negra” quando vem trabalhar. O dia pode até estar maravilhoso, mas quando o gerente, gestou ou colega de trabalho chega, parece que o ato de trabalhar é tão triste quanto ir a um velório.

Na obra “Desvendando os segredos da linguagem corporal”, os autores Allan & Barbara Pease defendem a ideia que o sorriso em nosso rosto motiva outros a sorrirem, em uma forma bem simples, podemos com certeza afirmar que gentileza gera gentileza, boas ações motivam boas ações e, ainda que algum indivíduo não siga o bom caminho da gentileza, não há nada mais satisfatório do que ter a certeza de que você fez a sua parte, cada um pode fazer a sua parte nesta construção chamada simetria, a lição é bem simples, não devemos fazer aos outros o que não gostaríamos que fizessem conosco, se algo estiver errado, devemos sempre corrigir rapidamente com a mentalidade de que o câncer deve ser interrompido antes de completar a metástase.


Restaurantes sem cozinha

 

Procrustes era um bandido que vivia na terra de Elêusis, ele possuía dentro de sua casa uma cama de ferro que tinha seu exato tamanho, todo e qualquer viajante que cruzava a sua terra era obrigado por Procrustes a se deitar nessa cama, caso o hóspede fosse maior que a cama, ele amputava o excesso e os que tinham pequena estatura eram esticados até atingirem o comprimento da cama( ou seja, até a morte). Resumindo, nunca ninguém se ajustava exatamente ao tamanho da cama, pois era mesma tinha o tamanho exato de Procrustes, e secretamente, se alguém tinha a possibilidade de se adequar, uma outra cama era utilizada por Procrustes (ele tinha duas camas de tamanhos diferentes). Será que secretamente, estamos tão fechados em nossas ideias e pensamentos que nos tornamos incapazes de muitas vezes reconhecermos que estamos errados? Será que não estamos obrigando as pessoas ao nosso redor a deitar em "nossa cama de Procrustes"? Será que não estamos caminhando com uma postura incoerente? Será que não somos como um restaurante sem cozinha?

Sempre sou tomado pela certeza de que não conseguimos nada sozinhos, embora tenhamos recursos ou sejamos talvez – com certeza digo talvez, inteligentes, sempre precisaremos de pessoas para nos ajudar. Para muitos isso é ruim, mas eu vejo isso como uma dádiva do céu, pois se a realidade fosse outra, muitos seriam tomados pela arrogância e se achariam melhores que os outros (isso é uma infeliz realidade em nossa sociedade). Precisamos uns dos outros, existem caminhos que precisamos pavimentar sozinhos, e outros caminhos que só conseguiremos pavimentar com a ajuda de alguém próximo, e é por isso que devemos sempre respeitar as diferenças e aprender a coexistir com o próximo, coexistência é a chave para o cadeado da colaboração.

Veja bem, ter pessoas ao nosso lado para nos ajudarmos mutuamente é importante, mas devemos ser muito sábios na hora de escolher as pessoas que traremos para o nosso círculo, pois como diz o dito popular: “uma maçã podre estraga todo o resto”. Existe um provérbio latino que diz: Não pense que maçãs bonitas tem um gosto melhor. Esta referida frase me faz lembrar um outro ditado antigo que diz que “nem tudo que reluz é ouro”, então... Era uma vez um antigo ensinamento que todos conhecemos, mas muitas vezes não levamos a sério: As aparências enganam! E por isso, selecione as pessoas pelo que elas são e não pela sua aparência ou poder aquisitivo.


Cera nos ouvidos


No livro da Odisseia, nos contam uma história das sereias que habitavam longe dos rochedos de Caríbdis e Cila, as sereias tinham um canto belo e maravilhoso, mas o problema residia nisso, o canto fazia os marinheiros enlouquecerem e se afogarem no mar. Odisseu foi prevenido por Circe e atuou da seguinte forma: encheu os ouvidos da tripulação e os seus com cera até não ouvirem nada e faz com que todos se amarrem no mastro, desta forma ultrapassaram a zona perigosa sem nenhuma baixa.

Se faz importante entender que devemos seguir o nosso caminho com resiliência, obstáculos sempre virão e devemos continuar firmes, o Imperador Marco Aurélio dizia que “o fogo se alimenta dos obstáculos”, e por isso, saber onde se quer chegar e saber ignorar pensamentos indesejados faz parte da “fórmula mágica”, que possamos ter a mesma habilidade de Severo Cassio, segundo Montaigne (2017, p. 71) “conta-se que lhe era proveitoso ser perturbado ao falar, e que seus adversários temiam irritá-lo, por medo de que a cólera redobrasse sua eloquência.” Que possamos ser como Severo e transformar em combustível toda fala infantil de terceiros, sejam eles próximos ou não.


A subtração que adiciona


            Encontrar o próprio propósito é uma das tarefas mais complexas que temos em nossa vida, e o propósito tem ligação direta com a felicidade de cada um, acredito muito no processo da via negativa e que para se entender o que é a felicidade – para mim, se faz importante entender o que me faz infeliz. Uma coisa certa pode se tornar errada em função do tempo, do contexto e da cultura, entretanto, algo entendido de forma geral como errado dificilmente se tornará certo ao longo do tempo, assassinato é assassinato, mentira é mentira, inveja é inveja, acredito que estes três exemplos já sejam capazes de levar o leitor a entender o meu ponto.

            A partir de todas estas reflexões, claramente podemos perceber que a falta de coerência em nossas ações pode nos levar ao fracasso, devemos sempre ter o cuidado de “não tirar os pés do chão” e manter sempre a racionalidade nas coisas, o que deu certo para outro não significa que dará certo para mim, se entende que o propósito e a felicidade são temas bem subjetivos e, cuidado com a jurisprudência, como disse o grande mestre Aristóteles, ela “é perigosa.”

            Podemos perceber que a simplicidade em nossa vida e objetivos também ajuda bastante, a vida já é complicada e não precisamos piorar ainda mais, ser conciso nas ações e correr diretamente para o que nos faz bem é uma boa prática, valorizar pequenas conquistas, respeitar o próximo e entender que não conseguimos nada sozinhos faz parte do processo, e finalizo este ensaio ratificando um dos maiores segredos de ser feliz: Cera nos ouvidos!


Palavras são para os covardes

         

   Neste momento se faz importante levantar meios de se colocar tudo o que foi debatido em prática dentro das empresas, não basta somente termos um discurso afiado, precisamos saber como aplicá-lo. Em relação aos sentimentos de cada profissional e a alegria dentro do ambiente de trabalho, os gestores precisam entender que a mente humana é constituída de várias partes, algumas são más e outras são boas, tolerar essa ambivalência é a chave e o gestor deve buscar extrair o melhor de cada um.

            Os gestores devem, acima de tudo, lutar por um bom clima organizacional – talvez esse seja o seu maior desafio, desavenças existirão, mas as atitudes danosas devem ser punidas, a pior coisa em uma organização é o clima de impunidade, as pessoas precisam saber separar o ambiente profissional do pessoal e ser justas nas organizações, os gestores precisam ser imparciais.

            Uma forma muito interessante de se prevenir o absenteísmo dentro do ambiente de trabalho é premiar o profissional assíduo, já fui gerente contábil em uma indústria com mais de 1000 funcionários só na fábrica e está indústria premiava com uma cesta básica todo o funcionário que não tivesse nenhuma falta no mês, a não ser que fosse uma falta justificada e plausível, é fato que nem todas as empresas tem condições de fazer isso mas eu garanto que a quantidade de faltas no ano não passava de 5 e eu estou falando de uma empresa que tinha mais de 2.000 funcionários no todo.

            Outro ponto muito importante é a empresa definir um plano de cargos e salários coerente para que o funcionário entenda e perceba financeiramente que vale a pena fazer parte da empresa, minha sugestão seria que a cada ano fosse adicionado um adicional de 1% sobre o salário do funcionário, não é muito para a empresa, mas qualquer R$ 100,00 na vida de um funcionário faz toda a diferença, essa quantia pode muito bem ser o valor da parcela de uma TV, geladeira, entre outras coisas.

            A ideia de analisar a produtividade em cada setor e de premiar o funcionário com a maior do mês é algo muito motivador, qualquer um ficaria orgulhoso em ter algum prêmio e ver a sua foto em um quadro na parede por um mês inteiro.

            Dar oportunidade de crescimento para os funcionários em sua empresa é muito importante, muitas empresas buscam pessoas de fora para assumir vagas em aberto quando tem pessoas dentro “de casa” com capacidade de assumir a vaga, a pior coisa do mundo é ver que sua vida profissional está estagnada, e muitos deixam locais de trabalho por isso – fortalecendo o turnover, uma das coisas que aprendi em minha vida de gesto é que você nunca deve “segurar um talento”.

            Uma coisa maravilhosa em uma empresa é o programa de participação de resultados, tem empresas que fornecem um percentual do lucro apurado em sua Demonstração de Resultado do exercício em dinheiro aos funcionários, dinheiro ajuda muito na hora de ponderar se uma pessoa fica na empresa ou toma outro rumo em sua carreira.

            Como podemos ver, todos estes pontos podem ser postos em prática pela organização, pelos gestores, é fato que alguns pontos podem ser difíceis de se aplicar em função da condição financeira, mas outros podem ser facilmente aplicados e, todo e qualquer ajuste – mesmo que seja pequeno, sempre pode produzir grandes mudanças.

 


 

Referências


Aristóteles (384-322 a.C.)

Retórica / Aristóteles ; tradução, textos adicionais e notas Edson Bini. – São Paulo : Edipro, 2011.

 

Montaigne, Michel de, 1533-1592

Ensaios: Que filosofar é aprender a morrer e outros ensaios / Michel de Montaigne; tradução Julia da Rosa Simões. – Porto Alegre, RS: L&PM, 2017

 

Nesbø, Jo, 1960-

O Morcego/ Jo Nesbø; tradução de Gustavo Mesquita. – 4º ed. – Rio de Janeiro: Record, 2021.

 

Taleb, Nassim Nicholas

Arriscando a própria pele : assimetrias ocultas no cotidiano / Nassim Nicholas Taleb ; tradução Renato Brett. – 1º ed. – Rio de Janeiro : Objetiva, 2018

 

Taleb, Nassim

Antifrágil / Nassim Nicholas Taleb; tradução: Eduardo Rieche. – 17º ed. – Rio de Janeiro: Best Business, 2019.

 
 
 

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